Editorial - Monografias 2018.2

Elianne Ivo, Índia Mara Martins

Resumo


Revista Rascunho

v. 11, n. 19 (2021)


Rascunho # 11 - Monografias 2018.2

 

É com imensa satisfação que apresentamos a edição 2018.2 com os trabalhos dos estudantes dos Cursos de Bacharelado e Licenciatura em Cinema e Audiovisual da UFF. 


“Por um Kiarostami incompleto” de Lucas Junqueira Badini Serodio investiga a obra do diretor iraniano sugerindo que seu projeto cinematográfico tem íntima relação com o conceito de incompletude. Para tanto, faz uso de entrevistas e depoimentos do realizador para identificar seus métodos de trabalho. O autor também analisa os filmes “Onde fica a casa do meu amigo” (1987), “E a vida continua” (1991), “Através das oliveiras (1994), com o objetivo de perceber a ideia de construção do real e a incompletude fílmica e as obras “Gosto de cereja” (1997) e “O vento nos levará” (1999) como a ideia da incerteza se apresenta dentro da narrativa fílmica.

Pedro Henrique Alves da Silva escreve em “Diferentes formas de dizer adeus: A morte nas narrativas iniciáticas” sobre a representação da morte em filmes protagonizados por personagens infantis com o objetivo de entender a relação entre a ferramenta narrativa e o amadurecimento dos personagens principais. Partindo do termo “narrativas iniciáticas”, cunhado pelo autor José de Souza Miguel Lopes e lançando a mão da análise fílmica, Pedro Henrique discorre sobre a morte nos filmes sob três prismas: o fim da inocência, a crueldade infantil e o suicídio.

Pedro Scofano de Almeida, através do seu trabalho “A construção do homem novo socialista em Cuba e suas expressões em ‘Lucía’” busca elucidar como as transformações sociais em Cuba a partir de 1959 pediram uma ressignificação do indivíduo, sobretudo pelos apelos pedagógicos. O cinema revolucionário foi um importante elo nesta cadeia e  teve a sua contribuição para desfazer os resquícios do capitalismo e se tornou um elemento transformador. A fundação do Instituto Cubano del Arte e Industria Cinematográfica demonstra a importância da cultura neste contexto  e encontra em na realização de “Lucía” (1968), uma representação autêntica do “homem novo socialista” e seus respectivos desdobramentos no debate de gênero.

O trabalho “A idade perigosa: razões e representações da criança violenta em ‘A fita branca’ e ‘Cidade de Deus’” de Maria Julia Pereira de Paiva analisa um tema delicado na obra de Michael Haneke e Fernando Meirelles. Trata-se da violência de personagens infantis e busca entender as possíveis origens para as pulsões de agressividade na infância. A autora traça um panorama da criança no cinema para discutir o papel das instituições por trás dos diferentes perfis infantis, mapeando a punição física, a doutrinação religiosa, a repressão sexual, o racismo e a exclusão social como sintomas do desequilíbrio do mundo adulto desfigurando a face inocente da infância.

“Um olhar para o território límbico entre o real e a cena. A construção de um cinema ambivalente e sincero em Olmo e a Gaivota” de Tatiana Delgado Gadelha de Souza trata das potências do enlace entre a realidade e a ficção em “Olmo e a Gaivota” (2014) de Petra Costa e Léa Glob. A partir da análise fílmica, Tatiana propõe investigar as relação do filme com diferentes teóricos da cinematografia contemporânea e tenta identificar uma forma híbrida de se criar imagens que estaria próxima da ideia de sinceridade e de fabulação, fortalecendo um cinema que tenta se desvencilhar de estereótipos e abrir espaço para identidades singulares e ambivalentes.

Rodrigo Leme em sua monografia intitulada “Uma breve análise sobre coralidade como tendência recente num cinema brasileiro independente” analise os filmes “Vando Vulgo Vedita” (2017), de Andréia Pires e Leonardo Mouramateus e “Era o Hotel Cambridge” (2016), de Eliane Caffé. O autor identifica nos dois longas metragens alguns elementos associados à mise-en-scène e aos métodos de produção coletiva com o objetivo de entender a questão da coralidade já conhecida no teatro e que vem se apresentando agora também no cinema contemporâneo brasileiro.

Em “A recepção do filme ‘Dona Flor e seus dois maridos’ nos meios político e cultural brasileiros na segunda metade da década de 1970”, a autora Arianni Souza Brito discute o impacto social da obra realizada por Bruno Barreto. Do ponto de vista político, foram considerados os relatos técnicos de censura, e, com os representantes do meio cultural, a produção do roteirista Domingos Demasi e o desenhista Vilmar Rodrigues, da revista em quadrinhos humorística MAD, que criaram a paródia “Dona Frouxa e seus dois maridos”.

“Entre o olhar e a imagem: reflexões do observador” de Luiz Guilherme Staine Prado  reflete sobre a experiência visual humana partindo do conhecimento sobre a visão e o do conceito de corpo. Luiz Guilherme busca compreender o sujeito observador como causa e efeito da modernização do século XIX.  A pesquisa tem o objetivo de apontar desdobramentos acerca da trajetória do observador.

Gabriel Passarelli Gomes em seu trabalho “A imagem fílmica na era do color grading digital: a narratividade da cor e o look teal & orange em filmes blockbuster” discute sobre a importância da etapa de correção de cor na pós-produção audiovisual. O autor enfatiza o poder estético-narrativo do color grading digital e recapitula a história da cor no cinema demonstrando o seu valor na narrativa fílmica além de refletir sobre a dualidade afeto-emoção presente na percepção cromática da atmosfera fílmica e sobre a capacidade de a cor atuar como símbolo e transmitir informação. Finaliza seu estudo com a análise estética e técnica do look teal & orange, o estilo mais utilizado por Hollywood em filmes blockbusters de ação. 

Já Julia Raad Vieira apresenta em sua monografia intitulada “Linguagem e interação da cor aplicada ao color grading” os aspectos técnicos e as potencialidades criativas da linguagem visual própria da colorimetria digital. O trabalho analisa algumas obras audiovisuais a partir da correção de cor retomando conhecimentos da pintura, teoria da cor e da fotografia com o objetivo de entender a manipulação e o contraste da cor na narrativa fílmica.

João Paulo Barreto Dias em “O estudo do som na formação de professores: resistência e alteridade” é voltado para o ambiente de formação de licenciandos do Curso de Cinema e Audiovisual da UFF. O autor discute inicialmente sobre o cinema e o audiovisual na educação, indicando diferentes esforços para a construção desse campo. Em seguida, João Paulo discorre sobre as potencialidades do som na formação do sensível, especialmente dentro da escola e como aprofundar esta relação dentro de uma perspectiva política através do conceito de cosmoaudiência. 

“Preservação audiovisual e educação: aproximações possíveis” de Lucas dos Reis Tiago Pereira traz uma discussão importante, mas pouco travada no âmbito do cinema e da educação. A necessidade de pensar na preservação de filmes produzidos nas escolas nas últimas décadas. A ausência de uma política na área pode acarretar no desaparecimento dos mesmos.

Em “Nada sobre nós, sem nós: uma proposta de audiodescrição com consultoria continuada com cegos”, Kerlon Lucas Gomes Silva problematiza as tradicionais técnicas de audiodescrição praticadas no mercado buscando uma estética atenta às demandas do público cego e com baixa visão. A proposta de Kerlon é promover uma prática de consultoria continuada durante a revisão de um roteiro de audiodescrição. Esta pesquisa foi possível depois de observadas as dinâmicas desenvolvidas no Projeto de Extensão Laboratório de Audiodescrição em Obras Cinematográficas da UFF.

E, por fim. em “Representação midiática e formação de imaginários: a recepção de Kdramas por fãs brasileiros” de Andressa Sanches Gomes Cunha Nascimento, encontramos uma discussão sobre a produção seriada sul coreana. Para entender o impacto da recepção de Kdramas no Brasil, a autora empregou como metodologia a pesquisa qualitativa realizada junto a um grupo de fãs brasileiros que consomem séries na intenet. No estudo, são analisados diferentes aspectos das obras, concluindo que a recepção é ao mesmo tempo participativa e crítica. 


Boa leitura.

Elianne Ivo, Índia Mara Martins



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