Editorial - Monografias 2020.1

Elianne Ivo, Lúcia Ramos Monteiro

Resumo


Revista Rascunho 

v. 14, n. 22 (2022) 


Rascunho # 22 - Monografias 2020.1


Mais uma vez vimos a público trazer os Trabalhos de Conclusão de Curso de Cinema e Audiovisual da UFF. O ano de 2020 foi marcado pela pandemia e as universidades públicas levaram algum tempo para a implantação do regime remoto das atividades. A disciplina de Projeto Experimental tanto do Bacharelado como da Licenciatura precisaram também se adaptar e as defesas das monografias passaram a ser feitas à distância. A qualidade dos trabalhos permaneceu inalterada e a prova está na presente edição com temas diversos e instigantes. 


O primeiro trabalho é de Alexandre Fernandes Roman Bispo com “A lei do desejo.As conotações homoeróticas de Festim Diabólico”. O autor, a partir do filme de Hitchcock, analisa desenvolvimento e caracterização dos personagens assim como elementos estéticos para apontar o impacto da representação homossexual no cinema. 


Amanda Signorelli Maduro de Mesquita em “Uma estética do fracasso: quando o synthwave encontra o neo-noir” aponta para uma tendência em obras audiovisuais contemporâneas. Trata-se de uma combinação entre música synthwave e gênero cinematográfico neo-noir. Além de buscar os pontos convergentes, Amanda Signorelli analisa a série Too Old to Die Young que ilustra a questão.


 “Memórias espectatoriais compartilhadas de uma mulher negra” de Beatriz Leal de Araújo Martins aborda questões tais como construção de identidade, feminilidade, masculinidade para tratar de novas olhares para mulheres negras. De forma ensaística, Beatriz Leal traça paralelos entre filmes dirigidos e protagonizados por mulheres tais como Cores e Botas (Juliana Vicente, 2010, 16’), The Recorder Exam (Kim Bora, 2011, 29’) e Kbela (Yasmin Thayná, 2015, 22’).


Cael Barbosa Gracie Corte Imperial assina “Atual estado da obra cinematográfica de Carlos Imperial. Territorialização e levantamento dos dez filmes realizados pelo cafajeste”. O autor discute a produção da Pornochanchada, gênero dos filmes de Imperial, a biografia do ator e diretor, além da recepção da obra. São pontos importantes para entender o estado físico do material fílmico e propor estratégias adequadas de preservação do mesmo.


“Underdogs: azarões e a meritocracia no reality showSurvivor” de Felipe Jose Sardinha da Rocha estuda a figura do azarão como personagem nas narrativas dos reality shows de competição. Felipe Sardinha lança mão de Survivor, produzido nos Estados Unidos, para analisar o assunto.


As novelas A favorita e Avenida Brasil são as obras de teledramaturgia abordadas e analisadas na monografia de Gustavo Soares de Almeida Oliveira. A proposta é mostrar as inovações mas também as constantes narrativas e estéticas das duas “novelas das nove” da Globo e que foram campeãs de audiência na TV. O título do trabalho é “Renovar e repetir: a inovação e a tradição melodramática em “A favorita” e “Avenida Brasil”.


“Passivos poderosos: contribuições para a pornografia gay nacional e além” de João Victor de Castro Barbosa Borges parte de entrevistas e análises fílmicas para discutir o trabalho de atores pornô na indústria pornográfica gay brasileira. O texto trabalha os conceitos de masculinidade e heteronormatividade dentro dos estudos contrassexuais para falar das performances de gênero e sexualidade. 


Laís de Oliveira Diel Souza em “Arranjos regionais: a parceria entre o Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura e o FSA” se debruça sobre os impactos da descentralização da produção audiovisual brasileira. A autora procura fazer um retrospecto histórico dos apoios estatais com o objetivo de discutir tanto o Fundo Setorial do Audiovisual e a linha de ação Arranjos Financeiros Estaduais e Regionais em Pernambuco.


Maria Luiza Correa da Silva aponta para o crescimento de produções de terror sob o olhar feminino. Em seu TCC intitulado “O horror brasileiro é feminino: o cinema de medo de Gabriela Amaral Almeida”, Maria Luiza Correa observa que a perspectiva masculina dominante foi marcada por um viés misógino e que a participação feminina na tela ou atrás das câmeras modificou o gênero e ganhou novos contornos no Brasil. 


Mariana Marques Penna apresenta “O Silêncio Elementar: memorial de um filme-ensaio”. No texto, a autora trata sobre a realização de um filme e discorre sobre o filme-ensaio.


“A descontinuidade e a câmera subjetiva nos videogames: como a montagem pode influenciar na identificação do jogador com o detentor do olhar em games em primeira pessoa” é de Pedro Henrique Benz Fagim. O tema discutido no TCC é  o universo dos games a partir dos conceitos de transparência e opacidade de Ismail Xavier. O trabalho se propõe a compreender por que a câmera subjetiva nos videogames é capaz de sustentar a ilusão de um efeito janela de forma satisfatória se comparado ao cinema. 


Por fim, Vinícius Coelho Spanghero aborda um gênero narrativo japonês surgido no período Edo cuja marca são os contos de viajantes com o trabalho “Espectros do passado. Sobrenatural e memória no filme Kwaidan”. Kobayashi Masaki é o realizador da obra analisada que ressignifica o sobrenatural para a elaboração de um discurso antimilitarista em um contexto fantasioso.


Boa leitura para todos!

Elianne Ivo Barroso

Lúcia Ramos Monteiro



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